Cara amiga
De longa data
Não bastava amar a vida
Essa meretriz ingrata
Enamorei-me por uma mortal
Provei do néctar sagrado
Desfrutei de um prazer sem igual
Que quando me foi usurpado
Despedaçou todas as minhas crenças
Sobre esse amor citado pelos poetas
Agora só me resta, essa pífia existência
Permeada de dor, causada por promessas
Que nunca irão se cumprir
Por isso, em gozo de plena sanidade
Optei por não mais me iludir
Não pensar, é melhor do que sentir saudade
Até mesmo a sombria ceifadora
Parece agora tentadora
Porque por mais vil e sagaz
Ela oferece-me paz
Então cara amiga
Terás de bom grado essa alma sofrida
Para onde quiseres, poderás me levar
Se eu nunca mais sofrer, se eu nunca mais amar