segunda-feira, 27 de fevereiro de 2017

Bloco de notas

    A vida não tem um formato ideal, sabia? Não tem receita de bolo, equação, teorema ou lei universal. Cada um vive a vida do seu jeito, acho que isso que chamam de "livre arbítrio". Dizem que somos livres... será que somos mesmo? Eu vejo pessoas matando umas as outras todos os dias, vejo também, demasiadas notícias sobre a fome que acomete os países mais pobres. Eu vejo profissionais respeitados venderem sua dignidade por uns trocados. Se todo mundo pode fazer o que quiser, por que as coisas estão desse jeito? Acho que na verdade, não podemos fazer tudo que queremos. Digo isso pois desde de que nasci desenharam um caminho, um linha na qual eu deveria seguir. Disseram que eu tinha que estudar, me colocaram em uma escola e me rodearam de livros. Eu aceitei. Disseram que eu deveria praticar algum esporte. Então escolhi algum dentre as opções que encontrei e mais uma vez, eu aceitei. Disseram que para ser querido entre as pessoas da escola, eu deveria faltar aula, flertar com muitas garotas, fazer bullying com as pessoas mais introvertidas e andar em grupos de pessoas populares. Adivinha? Eu aceitei. 
    Depois de refletir bastante, cheguei a duas conclusões. A primeira é que "não somos livres para fazer o que queremos". A segunda é, eu não sei qual o tipo de pessoa que eu quero ser, mas eu sei o que não quero ser. Eu não quero ser o cara que fura filas, cola nas provas da faculdade ou que sempre quer levar vantagem de alguma maneira. Eu não quero ser o cara que beija várias meninas em uma festa só para provar superioridade a alguém. Eu não quero ser o cara que concorda com todo mundo na tentativa de agradar e acaba fazendo coisas que divergem dos seus princípios. 
     Engraçado, a partir dessas premissas, começo a perceber que sei que tipo de pessoa eu quero ser. Eu quero ser um cidadão consciente, que não só conhece seus direitos e deveres, como também exerce a cidadania. Eu quero ser reconhecido pelas minhas contribuições à academia, ao mercado e à sociedade. Eu quero ser lembrado por poucos amigos nas redes sociais, eu quero poucos "likes" nas minhas fotos,afinal, os verdadeiros amigos valem mais que um milhão de contatos do "facebook" e um abraço apertado, conforta mais que uma infinidade de "likes". Eu quero ser o cara que vai fazer qualquer garota se perguntar: "por que todos os homens não são assim?". Eu quero que meus filhos gostem tanto de mim, quanto eu gosto do meu pai. Eu quero que daqui há 10 anos alguém lembre de mim e me agradeça por ter feito parte da vida dela em algum momento. Eu quero ser tudo isso, não amanhã, não na semana que vem. Eu quero hoje. Sendo assim, começo a moldar o futuro com as ferramentas forjadas no passado, pois conheço e respeito a minha história. 


 

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2017

Capítulo 3



   A primeira viagem, a gente nunca esquece. Aquela sensação de liberdade, aquele anseio por novas experiências, tudo isso regado a muito amor. Dormir juntos no ônibus, acordar e se deparar com um sorriso bobo te olhando. Assistir a jogos que você não entende, torcer por qualquer jogada que o outro está envolvido, assim, sem nexo nenhum. Quem disse que é para fazer sentido? Quem disse que você precisa ser o melhor atleta do mundo, para ter o(a) melhor expectador(a) do mundo? Você só precisa de um olhar, um gesto de incentivo, um grito de "eu acredito",para tirar forças de onde você nem imaginava que tinha. Engraçado, lembrar daquela paisagem da "Santa", o vento no rosto, o vestido voando ao vento, o rapaz careca. O sol desaparecia no horizonte e o crepúsculo  embelezava o céu. Esse momento resume bem o que foi a primeira viagem. 
   O que ninguém sabe é como os dois chegaram ali. Na verdade, como o jovem rapaz chegou. Ele sabia que não estava no melhor ano, seu condicionamento físico deixava a desejar e suas chances não eram boas. Contudo, ele tinha uma coisa, algo pelo que lutar. Ele sabia que sua amada tinha vaga garantida, sendo assim, iria fazer de tudo para viajar também. Dia após dia, ele desafiou seu corpo e sua mente. Foram horas e horas de treinos incessantes, jogos estressantes e momentos desmotivantes. Mas ele era "teimoso", sempre foi. Quando a vaga que tanto sonhara parecia escapar-lhe entre os dedos, como aquela bola decisiva em final de campeonato, ele deu a volta por cima.  Deu o seu melhor e foi reconhecido por isso. Ele ficou muito feliz, não pela vaga na competição, e sim porque teria a chance de experienciar a melhor viagem de sua vida. A primeira viagem dos dois juntos.